logotipo Melhor do Vôlei
Especiais

Autor Redação Data 12/03/2013 12:44

Levantadora do SBC pode defender Seleção Colombiana no próximo ciclo olímpico

Foto: Skylo/Melhor do Vôlei

 

Kátia Monteiro, levantadora do São Bernardo, pode atuar pela Seleção Colombiana no próximo ciclo olímpico. Aos 39 anos, a atleta recebeu um convite do técnico brasileiro Mauro Marasciulo para liderar a renovada Seleção da Colômbia.


Em entrevista exclusiva ao Melhor do Vôlei, Kátia também comentou sobre a campanha do Bernô na Superliga Feminina 2012/2013, o desempenho das levantadoras nessa temporada, além de sua carreira no vôlei e seus planos para o futuro. Confira a seguir a conversa na íntegra:


MDV - Atualmente, como você avalia a experiência que você teve nas Olimpíadas de Sidney, em 2000?

Kátia: Na verdade, é um sonho que cada atleta tem e eu consegui realizar trazendo uma medalha. Então, atualmente, é um sonho realizado. Foi algo muito difícil, duro de se conquistar, estar entre as 12 e depois estar lá nos jogos, o astral... Acho que Olimpíada é tudo o que você deseja, é tudo o que o atleta profissional deseja alcançar.


MDV - Como ocorreu seu processo de naturalização como brasileira?

Kátia: Na verdade, eu nasci na Colômbia, mas vim para o Brasil com dois anos. Como eu nunca mais fui lá...


MDV - Quais foram os sonhos que você já realizou dentro do vôlei? E aqueles que você ainda quer realizar?

Kátia: Na verdade, o sonho que eu realizei foi o da Olimpíada, onde eu trouxe medalha, era um sonho que eu tinha e que vai ficar eternamente na história do vôlei. Ah, um sonho que eu tenho para realizar no vôlei? Hoje em dia é poder ajudar as meninas mais novas com a experiência, dando alguns conselhos, ajudando na parte tática do time, enfim, é uma das minhas funções hoje em dia.


MDV - Você ainda sonha com títulos?

Kátia: Ah, sempre. Sou de uma geração que entra para ganhar até no par ou ímpar, então a gente sempre acha que dá para ir além do aquilo que a gente foi, então sempre sonho com títulos, com tudo.


MDV -Atualmente, que dica você dá para as meninas que estão iniciando no vôlei, especialmente aquelas que tem tendência a serem levantadoras?

Kátia: Ah, eu acho que tem que ter muita dedicação, sempre. Tudo o que for fazer, nada é fácil, tudo é difícil, então tem que perseverar. Todo dia é importante, todo dia você aprende alguma coisa.


MDV - Seu time favorito é o São Paulo. Você costuma acompanhar os jogos e as notícias?

Kátia: Sou são-paulina “fajuta”, não acompanho muito. Quando o time ganha, eu gosto, mas não sou muito ligada a futebol.


MDV -As levantadoras em geral tiveram um desempenho um pouco aquém do esperado nessa temporada. A que você atribui isso?

Kátia: Ah, não sei realmente. É que tem muito time que não tem passe e fica muito difícil porque acaba correndo muito para arrumar a bola. Não sei... Eu assisti ao jogo entre Unilever e Sesi-SP e não vi um desempenho tão aquém. Acho que está diferente, a parte tática, é muita força... Talvez não tenha passe mesmo. Quem tem mais privilégio em ter o passe na mão é o time do Sollys Osasco. A Fabíola é bem privilegiada, tanto com o time como com o passe.

Foto: Clóvis Cuco


MDV - Seu time, o São Bernardo, viveu momentos muito ruins na competição, conseguindo ganhar apenas no final. A que você atribui essa campanha negativa na Superliga dessa temporada?

Kátia: Sinceramente, eu não sei qual foi a razão que o time não foi bem. Era um time que nós esperávamos mais do que fizemos na temporada passada  e não deu certo, eu não sei o que aconteceu. Acho que as peças não se encaixaram e o time não conseguiu crescer, em todos os sentidos. Nada funcionou. Mas a razão eu não sei... Não consigo identificar um ponto.


MDV -E a pressão da imprensa? Como vocês lidavam com isso?

Kátia: Ah, era difícil. Tem que ter muita força mental. Você perdia, mas tinha que estar lá no outro dia treinando. Não dava para desistir: tinha que treinar do mesmo jeito para que um dia a vitória viesse. Ela veio no penúltimo jogo (sic). Foi duro...


MDV -Como foi a vitória contra o São Caetano?

Kátia: Ficamos um período paradas, o período do Carnaval, então isso nos ajudou a treinar mais, a ficarmos mais juntas, a melhorar. Tanto que fizemos um jogo mais duro contra o Pinheiros depois, mas isso foi um alívio, porque começamos a achar que não temos valor. Você vai lá, treina, faz tudo e não ganha um jogo, aí você pensa: “o que está acontecendo?”. Isso é para mostrar que temos valor, mas não conseguimos canalizá-lo para esse campeonato. Não é que esquecemos de jogar ou paramos de jogar.


MDV -Durante esse processo, você, uma das experientes da equipe, como fez  para ajudar as meninas mais novas nessa situação?

Kátia: Na verdade, dessa experiência, não tenho muito o que falar, pois foi a primeira vez em que eu passei por isso, na minha vida inteira. Comecei aos oito anos, hoje tenho 39 e foi a primeira vez em que fiz uma campanha tão ruim assim, de não conseguir ganhar jogo. Em palavras, não pude dizer nada. A única coisa que pude mostrar foi dedicação. Eu ia todos os dias acreditando que o outro dia seria melhor, senão eu ficar doida.


12-Na sua opinião, qual o time mais cotado ao título nessa temporada?

Kátia: Ah, é sempre Rio e Osasco. Os dois estão novamente provando isso, tanto que ganharam a primeira partida dos dois lados. São os dois favoritos, mas vôlei a gente vê na hora. Eu acho que vai ser Osasco e Rio na final.

(Não tem uma torcida especial), apesar de eu ser muito amiga da Fofão. Fico feliz por ela, 43 anos, jogando bem, em alto nível, mas acho assim, quem merecer, é um jogo só, quem tiver mais calma vai ganhar.


13-Quais são seus planos para o futuro?

Kátia: Bom, com quase 40 anos, é difícil pensar em planos para o vôlei . Estou estudando... Penso em continuar na próxima temporada. Tem uma possibilidade de eu jogar pela seleção da Colômbia. O técnico me ligou e como eu tenho passaporte da Colômbia, poderia participar do ciclo olímpico para o Rio 2016. Ele me ligou, me convidou e estou vendo. Para pegar um compromisso desses é preciso motivação, pois são quatro anos que eu vou me dedicar. Não vou ter que treinar direto, até porque eu não posso, estou no quarto ano de faculdade, tenho prioridades. Mas estou estudando essa possibilidade de talvez disputar uma outra olimpíada.


14- E o São Bernardo?

Kátia: Ah, o São Bernardo é muito bom para mim. Lá eles me deixam estudar. Estou em uma fase complicada, estou mais para o final do que para o começo. Queria terminar a faculdade, pois vou ter que começar outra vida. Faço arquitetura... Minha vida de vôlei está acabando, então tenho que pensar em outra coisa, outra vida.


15- E a arquitetura?

Kátia: Estou gostando bastante. Na verdade, fiz primeiramente Design de Interiores, como gosto bastante de decoração... Aí surgiu a ideia de fazer arquitetura, que parece ser igual, mas são coisas completamente diferentes. Eu cheguei a começar a fazer Direito quando eu era mais nova, fiz um ano e meio, mas depois eu vi que era uma profissão que não dava para mim, aí eu desisti. Acho que as meninas mais novas devem pensar. Hoje em dia o juvenil vai até 21 anos e você acaba o Ensino Médio com 17. Até você chegar ao adulto e profissionalizar, você tem três anos para estudar. Então é uma coisa para se pensar, realmente. Depois que você é adulta é mais difícil, porque você tem que treinar de manhã e a tarde. É uma coisa que eu falo para o meu filho: falo para ele que ele vai ter que se formar. Hoje o vôlei acaba, aí como você faz?


16- O seu filho, Matheus*, também pratica esportes?

Kátia: Ele faz atletismo, basquete e vôlei, mas ainda tem dez anos.

*Matheus é filho de Kátia e Joel, oposto do São Bernardo e principal responsável por classificar o Brasil para as Olimpíadas de Sidney.

 

 

Confira outras notícias

Apoio

Parceiro